Demorei a sentir o João Otávio mexer. E, confesso, isso me frustrava um pouco, vivia ansiosa pelos famosos chutes do bebê na barriga.
Em compensação, nas últimas semanas esses movimentos têm sido constantes, e com cada vez mais força. Sempre esperei bastante pelos minutinhos antes de dormir em que ele se manifestava e eu sentia ele se movimentar. Agora já não preciso esperar tanto: durante o dia, se tornou constante receber uma cutucada, mexidinhas, socos e por aí vai.
Não que eu esteja reclamando. De forma alguma, continuo achando uma delícia esses momentos, principalmente quando identifico uma constância: sempre que coloco música – principalmente samba – ou quando o Fernando acaricia a barriga, e por aí vai. Mas preciso admitir, mesmo que a contragosto, que às vezes é um pouco incômodo.
Hoje, por exemplo, desde que almocei, ele não parou. A ponto de eu precisar mudar de posição, por conta da pressão que estava fazendo perto da costela. Já até brinquei que acho que ele deve estar tentando rasgar minha barriga, pra ver se sai por ela. Não dói, nem machuca e também é uma sensação que não dá pra explicar. Mesmo incomodo, é gostoso – dá pra entender?
Nos dias em que ele fica mais quietinho, eu estranho e fico até um pouco preocupada. Ainda que cause um certo desconforto – principalmente de madrugada, no melhor do sono – como eu disse antes, continuo adorando esses momentos, que são bem íntimos e particulares, já que sou a única que tem o privilégio de senti-lo até o nascimento. Talvez seja besteira pensar assim, mas vejo como mais um dos milagres da gravidez – afinal é ou não é uma loucura ter uma pessoinha se mexendo dentro de você?