Atualização sobra amamentação

Fiquei surpresa com a repercussão do post de ontem. Estava receosa de escrever sobre minha experiência com a amamentação, afinal de contas sempre surgem mil pessoas julgando, criticando e com várias sugestões – muitas das quais eu já tentei sem sucesso e outras um tanto descabidas. Aí você que está sensível por causa dos hormônios, cansada, com sono atrasado, cheia de dores pelo corpo e se sentindo um fracasso porque afinal todas as mulheres do mundo conseguem amamentar e você não, ainda precisa encontrar paciência pros comentários de gente sem noção.

Mas o retorno que tive foi o oposto: muitas mulheres com experiência parecida escreveram e contaram que se sentiam da mesma forma e que também pensaram em desistir muitas vezes. Isso me deixou aliviada, afinal não sou a única e também não sou um fracasso.

Ontem no fim da tarde precisei recorrer à ajuda da maternidade, fui conversar com a enfermeira que auxilia as mães na amamentação enquanto estão internadas. Durante a tarde, enquanto fazíamos a sessão de fotos, ele ficou super tranquilo, mas na hora de mamar foi um tormento. Não conseguia pegar o seio, ficamos os dois nervosos, eu comecei a chorar junto primeiro por causa do dor e segundo porque o choro dele era aquele desesperado de fome, e isso corta o coração de qualquer mãe.

Enquanto aguardava na recepção para ser atendida, o João Otávio chorava de fome e eu chorava de desespero. Duas senhoras sentadas atrás de mim conversavam entre si coisas do tipo: “tadinho, ele tá com fome!”, “olha, a mãe chora junto, por que ela não coloca ele pra mamar”, “coitadinho, como ele chupa o dedo desesperado”! Juro que precisei reunir todas as minhas forças para não responder de uma forma nem um pouco educada, afinal tudo o que eu não precisava naquele momento era alguém me lembrando de que meu filho estava com fome e me fazendo lembrar que mãe horrorosa eu estava sendo por não conseguir colocá-lo para mamar.

Fomos atendidos pela enfermeira que muito gentilmente me explicou que o problema estava na cicatrização do meu seio.  Ao contrário de todas as dicas que recebi, ela me falou para não usar lanolina, afinal não existe nenhum estudo confirmando sua eficácia e há controvérsias quanto seu uso, afinal a maioria das mulheres acaba usando mais do que deveria, o seio não cicatriza e a pele não fica mais resistente. Aí estava o principal motivo para tanta dor.

Ela também disse para não usar a concha, já que esta acaba apertando os ductos e estimulando ainda mais a produção do leite, o que deixava meus seios latejando de dor. Além disso, por estar sempre úmido, o seio fica mais propenso a criar fungos.

A solução: o próprio leite para cicatrizar, absorvente de seios ou uma fralda para evitar que o leite vaze e sutiã com boa sustentação. Bem simples, sem nenhuma complicação. Depois das super dicas, colocamos meu anjo para mamar ali na maternidade mesmo e deu certo.  Incrivelmente, fazendo uso das recomendações dela, meus seios já melhoraram consideravelmente e tanto durante a madrugada quanto hoje de manhã ele mamou muito bem.

Agradeço a todas as palavras de solidariedade. De verdade: saber que não sou a única me deu tranquilidade e me encheu de coragem para continuar tentando. Acredito que em poucos dias, a situação já estará bem melhor e vou começar a curtir realmente esse momento – afinal, dizem que a dor passa e depois a gente adora, então estou contando com isso. Espero que as dicas da enfermeira possam auxiliar outras mulheres que estejam passando pela mesma situação que eu tanto quanto já me ajudaram. Estamos todas no mesmo barco e saber que não estou sozinha nessa é verdadeiro um alívio.

A verdade sobre amamentar

Esqueça todas as vezes que te falaram que amamentar dói. E eu digo “esqueça” não porque é mentira, mas porque dizer que dói não é suficiente. Hoje, depois de doze dias amamentando sem parar, eu entendo porque as campanhas de amamentação repetem tanto que este é um gesto de amor: com o tempo você percebe que insiste em amamentar unicamente pelo fato de que beneficiará seu filho, e nem pensa no resto.

Se eu fosse pensar nos benefícios que a amamentação traz pra mim, eu certamente já teria desistido. Repito: continuo a amamentar por amor ao meu filho. Como eu já repeti um milhão de vezes no blog, sou bem chata e intolerante para a dor, então talvez seja por isso que a experiência de amamentar pra mim esteja tão ruim. Mas esses dias eu fiz uma comparação que a meu ver parece bastante razoável e minha mãe achou que foi sutil: use um grampo de roupa para beliscar continuamente a ponta do seu seio. Não desista. Faça isso a cada três horas, mesmo quando seus seios estiverem sensíveis e machucados. Dói só de pensar, certo? Pois é! É mais ou menos isso.

Eu confesso que em alguns momentos entro em pânico só de pensar que está na hora de ele mamar, com direito a crises desesperadas de choro. E confesso ainda mais: acho que outro motivo que não me fez desistir é  o Fernando, afinal João Otávio é filho dos dois e as decisões cabem a ambos.

Nas campanhas, amamentar é mais fácil do que parece. O que não dizem é que nem sempre o bebê consegue pegar o seio corretamente e isso causa ainda mais dor. Também não dizem que a gente chora de dor e de nervosismo, que a gente fica descabelada e que os seios fartos – sonho de toda mulher – na verdade latejam quando têm excesso de leite. Também não contam que a gente sente vontade de sair correndo a cada mamada e que morre de culpa por sentir isso.

A verdade é que amamentar não é lindo. Ok. Admito que quando o João Otávio acaba de mamar ele dá o sorriso de satisfação mais lindo do mundo e isso sim é de fazer o coração derreter. E que, quando o seio dói um pouco menos, é um momento tão íntimo que dá vontade de ficar ali pra sempre. Amamentar é um privilégio e um fardo exclusivo de cada mãe: se você não fizer, ninguém mais fará por você (e nossa, isso me assusta!). Dizem que essa dor absurda passa e que quase todas as mulheres passam por esse processo. Me julguem como queiram, talvez eu seja uma mãe horrorosa por falar essas coisas. Talvez eu seja honesta demais para admitir coisas que as outras não falam em voz alta. Quando seu filho nasce, existem verdades que você não admite nem pra você mesma, e o fato de pensar em desistir de amamentar é uma delas. Provavelmente a culpa não deixará você desistir, então relaxe e continue tentando.